quarta-feira, 23 de julho de 2014

Infos, Efeitos Especiais e Vídeos

Olá, pessoal, beleza?

"Pus que que fizeru isso, cara? Poha, Disney!"
Recentemente (por puro descuido meu) descobri que Marvel Heroic Roleplaying foi cancelado pela Margaret Weis Production. A razão não deve ser outra se não a compra da editora pela Disney - a mega corporação deve ter forçado uma revisão de todos os contratos de direitos de publicações externos da editora, inclusive RPGísticos - assim, a Marvel volta a não ter um RPG que a represente oficialmente... pelo menos durante um tempo.

De uma forma geral, isso é uma pena pra Casa das Ideias. O sistema de MHR é um dos melhores já feito pra supers, sendo bem visto e recebido por críticos e fãs, como já falei antes (quem tiver curiosidade pra ver se estou certo ou errado, a lista de links na lateral direita do blog pode corroborar comigo), e seria um step up na história RPGística da editoria, principalmente agora que a DC tem seu lugar cativo no celebrado Mutants and Masterminds da Green Ronin. A MW Production, no entanto (e diferente da Disney), percebeu o potencial de seu sistema e possui um anúncio de HEROIC ROLEPLAYING em seu site oficial. Possivelmente o que eles estão fazendo é reorganizar um cenário próprio (ou negociando com outros, já que HR pode funcionar pra qualquer contexto heroico) e preparar um relançamento do mesmo livro de regras sem o grande MARVEL na capa.

Bem, como RPG vivo é aquele que sempre é jogado, este blog se manterá oferecendo aventuras, adaptações e eventos, mantendo o sistema vivo a ajudando a popularizá-lo. Sendo assim, como fazer um evento leva muito tempo (e tempo é, pra quem me conhece, o mais precioso artigo que não tenho), vou tentar manter o blog semanalmente atualizado (a adaptação de EVA me comeu umas duas semanas ou mais e com o fim do mangá previsto para novembro desse ano, estou desenvolvendo um evento maior, que pega toda a série em quadrinhos e amplia-a, bem como revisa minhas sugestões de datafiles pros personagens) com matérias menores e traduções do material em inglês.

Segue um vídeo (em inglês) de demonstração das regras. No youtube.com tem vários outros.




Efeitos Especiais - SFX

Hoje, em especial, gostaria de falar sobre e traduzir a lista de Efeitos Especiais (SFX) do livro base. Pra quem ainda não percebeu, os SFX são o grande "pulo do gato" dos poderes. Enfim, afinal, a lista de poderes é muito restrita e uma penca de personagens pode ter poderes praticamente iguais (pare pra pensar em quantos personagens possuem superforça, por exemplo), mas o real diferenciador e verdadeiro desestabilizador (ou causador) de ameaças numa aventura são os SFX. O livro base traz a seguinte lista:

ABSORÇÃO [Absorption]

Numa reação bem sucedida contra um tipo de ataque, converta o dado de efeito de seu oponente numa façanha [stunt] do seu power set ou avance [step up] seu dado de poder em +1 durante a próxima ação. Gaste 1 PP para usar essa façanha se a contra-ação de seu oponente for bem sucedida.

Formas de usar esse Efeito: heróis que tem a capacidade de absorver energia cinética (ou energia de qualquer tipo) podem usar esse efeito para melhorar um ataque ou defesa. Lembrando que esse efeito melhora as capacidades de uma ação, não serve para cura.

AFLIGIR [Afflict]

Venon também pode causar esse efeito.
Adicione D6 e avance seu dado de efeito em +1 quando infligir um tipo específico de complicação no alvo.

Formas de usar esse Efeito: heróis que têm a capacidade de gerar efeitos como prender, agarrar, segurar ou qualquer outra complicação que envolva alguma "contenção" de ação, como o Homem-Aranha e suas teias.





ATAQUE EM ÁREA [Area Attack]

Adicione D6 e mantenha um dado de efeito adicional para cada alvo adicional.

Formas de usar esse Efeito: Hulk smash. Preciso dizer mais?


Talvez...

FÚRIA [Berserk]

"SNIIIIIIIIIIIIIIIIKT!!!"
Adicione um dado da Doom Pool para uma ou mais ações de ataque. Avance em +1 o dado retirado da Doom Pool para cada nova ação; retorne o dado pra Doom Pool ao fim de suas ações.

Formas de usar esse Efeito: O que é realmente interessante nesse SFX é sua noção de complicação. Para cada nova ação que o personagem faz engajado em sua fúria, ele aumenta a Doom Pool, criando situações desastrosas ao resto do grupo. Wolverine e Hulk são os campões nesse tipo de efeito.


AVANÇO [boost]

Desligue o seu mais poderoso poder de um Power set e avance em +1 um outro poder. Pode-se recuperar o poder desligado durante uma oportunidade ou numa Transition Scene.

Formas de usar esse Efeito: Personagens que usem gadgets, cibernéticos, ou poderes do tipo são mais comuns em usar esse efeito, basta lembrar do raio peitoral do Homem de Ferro. No entanto, personagens que usem magia ou mesmo controle elemental podem encontrar uma forma de utilização desse SFX. Já vi Demolidor usar algo parecido, desviando toda a atenção de seus poderes para "combar" seu "radar" (apesar de em seu datafile constar Focus).

Unibeam.

Por curiosidade, a página do Demolidor com esse SFX.

ESTOURO [burst]

Avance ou duplique o dado de um poder contra um único alvo. Remova o valor mais alto do lance e adicione 3 dados ao total.

Formas de usar esse Efeito: O livro apresenta o uso desse SFX para gears e seu uso junto com Especialidade [Specialties]. Enfim, sua vantagem está realmente quando você precisa usar uma máquina ou equipamento e o valor dos dados finais são mais importantes que o tamanho do dado de efeito.

CONSTRUTOS [Contructs]

Usuários de energia.
Adicione um D6 e avance seu dado de efeito em +1 quando usar seu Power Set para causar um tino [asset].

Formas de usar esse Efeito: Poderes de controle de substâncias ou que é capaz de "invocar" coisas. Use-o quando seu personagem possui poderes que podem causar complicações.

CONTRA-ATAQUE [Counterattack]

Numa reação a um tipo específico de ação de ataque, inflija um tipo específico de stress com seu dado de efeito sem custo de PP ou use 1 PP para avançar seu dado de efeito em +1.

Formas de usar esse Efeito: Aparentemente bem complicado, mas na verdade envolve a capacidade do personagem em se "cobrir" de um tipo específico de energia ou "emaná-la" ou mesmo gerar algum tipo de escudo que seja capaz de causar um "choque de retorno" ao atacante.

PERIGOSO [Dangerous]

Adicione D6 a sua parada de dados numa ação de ataque e retorne [step back] o dado mais alto da parada em -1. Avance [step up] o tipo de stress infligido em +1.

Formas de usar esse Efeito: Se você joga no facebook Avengers Alliance Tactics com o Pantera Negra vai entender bem esse SFX. Ele funciona como uma jogada que causa hemorragia ou outro stress do tipo, como algum quebramento de membro ou dano interno por força.


Vá para 5:11 do vídeo.

FOCO [Focus]

Se a parada inclui o poder de um Power set, você pode trocar 2 dados de igual valor por um dado maior em +1.

Formas de usar esse Efeito: Poderes que funcionam bem com especialidades [Specialties] são uma grande pedida pra cá. O manual sugere poderes baseados em treinamento, perícias ou condicionamento. É um SFX muito bom se seu personagem é essencialmente humano, como a Viúva Negra ou Gavião Arqueiro.

You know what I mean...

CURA [Healing]

Adicione um poder específico a sua parada de dados quando ajudar outros a recobrarem-se de stress. Gaste 1 PP para recobrar seu próprio stress específico ou de outros ou para reduzir [step back] em -1 seu dado (ou de outros) de trauma.

Formas de usar esse Efeito: O interessante desse SFX é a criatividade. Um cara que sofreu um stress baseado em fogo pode receber ajuda em cura por um usuário de fogo (que, por ventura, utiliza seu poder para 'reduzir' a queimadura ou afastar a sensação de dor gerada pelo calor) ou de frio/gelo (que faz o mesmo, só que ao contrário). As possibilidades são inúmeras, como o Aranha utilizar suas teias pra estancar o sangue de um colega ou o Gavião Arqueiro usar uma de suas flechas pra fazer uma tala.

Um clérigo, por favor...

IMUNIDADE [Immunity]

Gaste 1 PP para ignorar stress, trauma ou complicação de um tipo específico de ataque.

Formas de usar esse Efeito: A exemplo dos asgardianos que vírus ou venenos externos não os atinge, eles possuem a saúde de deuses. Ou o Hulk que leva tiros e é mesmo que nada pra ele.

Thor: "Pra que escudo? Eu tenho a palma da minha mão!"

INVULNERÁVEL [Invulnerable]

Gaste 1 PP para ignorar stress ou trauma a não ser que sejam causados por um específico tipo de ataque.

Formas de usar esse Efeito: Mesmo que o anterior, mas permite que se tenha um "calcanhar de Aquiles", tornando a imunidade mais ampla.

Hulk não sente cócegas!

MULTIPOWER [Multipower] - tá, não imaginei nada melhor pra traduzir e eu achei "multipoder" ridículo...

Galactus... usar mais de um poder é absurdo!
Use dois ou mais poderes de um Power set numa única parada de dados com uma redução [step back] de -1 pra cada poder adicionado.

Formas de usar esse Efeito: É bom lembrar que as regras do manual falam que só se pode usar numa parada um único dado vindo de cada um de seus Power sets (além de especialidades, afiliações, distinções etc.), mas com esse SFX essa regra encontra um "desvio". É o bom e velho assoviar e chupar cana ao mesmo tempo. Para quem é criativo o bastante, vale o investimento.

SEGUNDA CHANCE [Second chance]

Gaste 1 PP para refazer qualquer lance usando um poder de um Power set.

Formas de usar esse Efeito: Adicione ao seu poder de sorte hehehe.

FÔLEGO [Second wind]

Antes de fazer uma ação usando o poder de um Power set, você pode mover seu dado de stress da Doom Pool e avançar [step up] seu dado de poder em +1 para essa ação.

Formas de usar esse Efeito: Acho um interessante SFX para um "esforço heroico" no intuito de retirar forças de onde não se tem para realizar uma última grande ação.

Como pegar todos os passageiros de um voo...

LIBERTAR [Unleashed]

Avance ou dobre qualquer poder de um Power set para uma ação. Se a ação falha, adicione um dado a Doom pool igual ao seu dado real nesse poder.

Formas de usar esse Efeito: Esse é o bom e velho coringa. A carta na manga da cartada final. Um bom exemplo é a Super Nova do Tocha Humana.

Nova Flame by Tocha Humana

VERSÁTIL [Versatile]

Reparta um poder em 2 dados retrocedidos em -1 ou 3 dados de -2. Obs.: dados vindo desse SFX são considerados separados de efeitos que avançam ou retrocedem dados (como Fôlego ou Libertar, por exemplo).

Formas de usar esse Efeito: Uma saída interessante quando as opções estão acabando ou para personagens com poucos poderes.

"I'm a F**** versatile racoon, M******!"

Sugestão de Novo SFX

CANIBAL [Cannibal]

Creepy as hell...
Para cada stress causado num oponente, recue [step back] seu dado de stress em -1. Ative esse efeito durante uma oportunidade ou ao custo de 1 PP.

Formas de usar esse Efeito: Baseado no Eva 01 de NG Evangelion e nos dinossauros do Marvel Alliance Tactic. De uma forma simplista, você come o cara e recobra condições. Se adicionado ao poder Stamina é um prato cheio. Ao exemplo da Unidade 01, por exemplo, até partes do corpo podem ser repostas (medo!).


Indo Além do Char Datafile

Quando pensamos nesses SFX a ideia inicial é incluir aqueles que melhor se adequem ao seu Power set, no entanto, não deve ser rara a situação de ver que talvez um efeito especial específico seria necessário e você não o tem em sua ficha. Uma opção interessante a Vigias e jogadores é utilizar um determinado SFX que não consta em seu dados para uma única ação uma vez por evento (ou ato). Fazer isso exigiria o gasto de 1 PP além daquele primeiro exigido na descrição (SFX que pedem por 1 PP para funcionarem, teriam gasto 2 e os que não assumem esse condição, 1 PP) e funcionaria simplesmente para aquilo (até que se tenha o XP suficiente para pagar por ele).

Sei que explicando dessa forma parece a concepção de Façanha [stunt], mas veja que as façanhas são efeitos criativos que possuem seus próprios poderes ou ambiente como base, criando uma condição onde eles podem trazer vantagem para uma determinada ação. Os efeitos especiais são mais que isso, são o uso extrapolado e inesperado do poder, assim, a ideia é o jogador ter a capacidade de criar uma "simulação" de um SFX que talvez venha a ser seu desejo no futuro.

Enfim, por hoje é só. Espero que todos tenham gostado. Até a próxima, quem sabe com aventuras dessa vez!

Hora de jogar!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

EVA Beyond - O Cenário

APRESENTAÇÃO

Assim como muitos moleques, eu comecei a ver animes com Cavaleiros do Zodíaco (ok, não necessariamente com eles, mas com certeza aí foi o grande marco de um processo maior). Com o tempo, mais obras foram chegando ao Brasil e mesmo nosso contato com trabalhos que ainda não haviam sequer sido anunciados aqui foi sendo facilitado (primeiro com os fansubs, depois com os encontros e convenções e finalmente com a internet) a ponto, inclusive, de ficarmos muito íntimos com os conceitos, símbolos e estruturas narrativas deles.

Nessa invasão "nipônica", um anime em especial chamou minha atenção. Ele primeiro surgiu do nada, uma pequena imagem em uma revista de games americana. Uma menina de cabelo curto sustentando um tipo de globo no ar, toda em tom vermelho. A verdade é que aquela imagem me fisgou. Parecia que um novo conceito de mundo animado surgia ali (e eu já havia tido contato com Akira) e ecoava um nome "Evangelion".

Essa imagem, num tamanho bem menor, foi a primeira vez que vi NGE.
Conheçam mais sobre a obra no blog evangelionbr.worpress.com.
Corri como louco tentando encontrar essa obra de alguma forma. Em tempo! Ela estava acabando de aportar no Brasil por meio dos já falados fansubs e uma cópia, ainda em fita de videocassete (na verdade, duas), era replicada entre amigos. Fiz umas 3 maratonas em diferentes finais de semana da série completa + movies e... Neon Genesis Evangelion blew my mind.

Em momento oportuno, comprei a série em DVD (o qual assisto pelo menos anualmente) e fui conseguindo mais material pela internet. Enchi os olhos d'água enquanto meu coração palpitava descompassado de emoção quando comprei a primeira edição brasileira do mangá (ainda publicado pela Conrad - obrigado, Cassius Medauar) e fiquei aliviado quando a JBC continuou a publicar (no formato originalmente publicado no Brasil e no dela próprio).

Um Pouco de História

De uma maneira indireta, Neon Genesis Evangelion também foi meu primeiro contato com RPG, pois no meu vício de ter cada vez mais material e mais informações sobre a obra, saí comprando várias revistas que estampavam personagens ou qualquer coisa relacionada à série na capa, e uma das primeiras delas foi a edição 62 da finada Dragão Brasil, que trazia estatísticas de personagens, robôs e shitôs (os amalucados "Anjos" da série) para 3D&T e Gurps, numa matéria escrita por Paladino (quem lembra?) - apesar de nem ter lido essas estatísticas. Anos depois, já na revista Dragon Slayer nº 01, Paladino e Saladino (Polidinho e Polidinho...) adaptaram EVA para o AÇÃO!!! (em termos simplistas, um D20 Modern traduzido).
EVA na Dragão Brasil. Edição 62. Ainda
tenho (mas essa não é a minha).

Apesar dessas adaptações brazucas, fazendo uma pesquisa pela rede, pude perceber que há poucos (ou quase nenhum) RPG sobre Evangelion. Oficialmente, há uma mistura de "livro de arte" + "card games" de duas edições (ou algo do tipo) chamados NGE RPG: The NERV White Paper e NGE RPG: The Descent of ANGEL, além de um licenciamento de EVA para a canadense (e falida) BESM (Big Eyes, Small Mouth), tendo gerado, inclusive (ou teoricamente), 2 suplementos (aparentemente falsos, pois não constam na lista deles que a Wikipedia oferece, apesar de aparecer na lista da Amazon)!

Extra-oficialmente, Adeptus Evangelion é o RPG mais expressivo sobre o anime: um cenário desenvolvido por fãs tomando como base o Dark Heresy, e que está sempre sendo atualizado (na versão 2.5 eles já ensaiam aprimoramentos para 3.0) e possui muito material online, como dois ricos livros-base, fichas e por aí vai. Outra possibilidade de role playing com NGE é o tal "mail-RPG", mas aí já foge um pouco do meu conhecimento e mesmo desejo de jogo.

Time Stop

Acredito que a razão de quase nenhuma versão oficial de EVA existir (ou vingar) é pelo sentido de "momentum" da série. Diferente de um Akira, em que, apesar do cenário pós-apocalíptico, existe um background antes e depois dos acontecimentos do mangá/filme que podem ser ampliados e explorados pra praticamente todos os gêneros jogáveis, NGE indica claramente que a história real acontece com o aparecimento de Shinji e termina com a invasão à Central da NERV e envolve unicamente aqueles personagens e mais nada. Essa "imaleabilidade" do cenário é um grande calo RPGístico, pois é preciso ter certa liberdade para sugerir coisas novas e acrescentar a história contada pelos jogadores e pelo mestre à narrativa base do universo jogado. Em NGE, panos de fundo podem sugerir um interessante cenário de investigação durante a criação das unidades Evas (e mesmo enquanto acontece a série), mas oferece poucas opções de ação robô-gigantesca envolvendo personagens (e robôs) novos e, para os mais apegados à cronologia (e um real fã de EVA é muito apegado aos cânones do seriado), isso é quase matar toda a graça da série.

Versões rebuilds e o tempo que segue e recomeça. Aos mais interessados, The Nerv Archives é um bom lugar para se
aprofundar na obra (em inglês).

Outra coisa relevante na série EVA - e isso se estende em seus principais produtos realmente oficiais: a série de Hideaki Anno, o mangá de Yoshiyuki Sadamoto e os longas rebuilds de Anno - é o fato de ela apresentar um magnífico aprofundamento de personagens num conjunto inominável de camadas simbólicas (principalmente do cristianismo) e que extrapolam e criticam, inclusive, a indústria que ele (ironicamente) revolucionou. Arremessar isso numa campanha é um desafio, tanto para os mestres quanto para os jogadores, e não ter esses elementos numa aventura que tem NGE como cenário é perder um pouco do gosto do que EVA significa.

Por isso que venho propor algo novo... (ou nem tanto assim)




Ouroboros e o Conceito do Eterno Retorno

Segundo o articulista do Comics Alliance, Eva Otaku é
um dos melhores lugares para obter informações
sobre EVA.
De forma explícita ou não, um dos temas que circundam Evangelion são o de brevidade/eternidade. Seja na série pra TV - com seus dois finais distópicos e interligados - ou nos rebuilds - que inclusive foram anunciados como sequência/reboot de sua linha cronológica "oficial" -, a noção base é que a realidade abandona sua simplista/humana linearidade e segue um eterno recomeço, destruindo-se e recomeçando, num ciclo infinito de erros e acertos e onde um mero detalhe muda toda a estrutura, mas não evita o fim (ou os fins). Prova disso, por sinal, é a presença de Tabris/Kaworo, o qual muitas vezes fala como se já tivesse vivido e presenciado aqueles acontecimentos de diferentes formas e possui alguma forma de direcionar aquela realidade à outra.

Mitologicamente, esse conceito não é novo e está intrinsecamente ligado a praticamente todas as formas de cultura humanas. Ele é conhecido pela palavra grega ouroboros, "o dragão/serpente que come a própria cauda", mas ele está ligado a tantas civilizações do que se pode imaginar: pré-colombianas, africanas, nórdicas, orientais... praticamente todos carregavam algum signo que comportava esse simbolismo. E EVA possui muito dessa complexidade... as várias versões, as diferentes linhas de continuidade que ao mesmo tempo são novas linhas de continuidade... todas elas tentando tirar Shinji de seu sofrimento existencial pessoal, mas que acabam sempre afundando-o mais naquilo que ele quer fugir... "Metasci-ficamente" falando é nesse ponto onde um cenário de RPG pode realmente existir, dessa vez, saltando a linha Anno de interpretar a série e seguindo uma lógica própria que pode se utilizar de novos (e, quem sabe, complexos) símbolos e oferecer uma aventura grandiosa, com tudo novo, mas ainda sendo o mesmo NGE que conhecemos, mas bem mais além.

NEON GENESIS EVANGELION BEYOND - O CENÁRIO


O ano é 2035. 20 anos se passaram desde a invasão ao Geofront e suposto fim do mundo. A maior parte dos continentes foi tomada por um líquido vermelho-enferrujado chamado de Éter e a situação das áreas não tomadas é de incerteza e caos social. As possibilidades de sobrevivência e habitação são incertas nas poucas "ilhas" longe das partes não tomadas. Além disso, a Terra, movida de seu eixo, vive um período de adequação ambiental, com florestas tropicais crescendo aceleradamente em áreas desertas e regiões de florestas folheadas adaptando-se à tundra, além de um clima incerto marcado por chuvas, furacões e geadas sem qualquer indicação prévia.

Em meio a essa situação, Prometheus, uma organização particular que se utiliza de antigos tesouros arqueológicos, provinda dos remanescentes da UNO, empenha-se em tentar reconstruir o pouco que sobrou. Esse cenário é o pior possível, grupos de ajuda humanitária tentam trabalhar junto a Prometheus, mas sofrem ataques de revoltosos grupos políticos, sociais e militares, todos clamando por direitos inexistentes em terras sem lei e com fronteiras confusas. É como se o mundo inteiro tivesse se tornado um pequeno vilarejo da África, onde o povo tenta sobreviver aos confusos avanços de confusos insurgentes.

E tudo está prestes a piorar.

Despontando no horizonte do venenoso líquido do Éter, em uma segunda do mês de outubro, uma figura humanoide maior do que a lembrança de prédios, em menos de 2h invade e destrói uma área de mais de 2.000km da costa sul da África seguindo em linha reta ao norte. A guerrilheira imprensa batiza-o de Titã.

O mundo não está preparado. As poucas forças militares esqueceram como era uma guerra dessa magnitude. As pessoas estão tão calejadas e desesperançadas que sequer pensam em fugir, somente abraçar seus entes queridos e esperar pelo fim, decretado, por sua vez, 20 anos antes. Não há mais coração ou força ou desejo ou armas de/para se lutar.

Quando, do nada, um segundo monstro surge.

Aterrorizador em sua forma, poderoso em luta, o gigantesco robô subjuga seu adversário. A batalha não é fácil. Não é limpa. Ela não poupa prédios, pessoas ou ecossistemas. Quando chega ao fim, ao invés de um respirar aliviado, ela traz uma onda de dúvidas: quem são esses? Como chegaram aqui? E o que esperar do vencedor? Ele é uma nova ameaça? No entanto, quando do gigantesco humanoide mecânico (de nome Perseu) sai uma garota japonesa, uma brisa de esperança sopra para todos os sobreviventes do cataclismo: se nossos protetores não são humanos, ao menos possuem a cara de um.



Explicando...

Essa é uma premissa exemplo. Os mais atentos vão perceber que me utilizei do conjunto simbólico da mitologia greco-romana pra criar esse cenário. Pra mim, nada mais lógico. NGE se utiliza do conjunto cristão de mitos e simbologias (com uma pitada Crowleyana, diga-se de passagem), assim, numa virada "tempo-espaço", como sugerida anteriormente, um novo grupo toma o lugar. Estou usando a greco-romana por ser mais facilmente encontrada, mas acredito que um bom mestre pode criar suas aventuras tendo como base os nórdicos, hindus, africaners, muçulmanos e por aí vai. A ideia é ter uma base de signos que deem sustentação à aventura assim como aconteceu em EVA. Neste exemplo, por sinal, criarei alguns Eventos pra ajudar em aventuras rápidas, trazendo novos personagens, novos Evas - ou Heros, como pretendo chamá-los - e dar uma campanha que seja rica em símbolos, divertida e que se aproxime do legado Anno.

Longe de mim querer alcançar o mesmo grau de riqueza de EVA. Genialidade aos gênios. Aqui quero somente oferecer uma história que simule o mundo criado em NGE sem deturpar o "tronco base" da obra, que os Vigias incrementem tudo da forma que desejarem. Uma indicação aos mais ousados e com grupos mais experientes é o livro O Poder do Mito, de Joseph Campbell, ele poderá dar todas as informações científicas sobre essas interpretações e conexões simbólicas que tanto falo. Aos mais xiitas, deixei algumas versões de datafiles dos principais personagens. Levei em conta o mangá e os dois rebuilds.

Third Children Datafile

Second Children Datafile

First Children Datafile
Enfim, por hoje é só. Logo trarei mais informações e dados de NGE Beyond, fica valendo como adaptação "oficial" de EVA aqui no blog.

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